LUCAS PAOLO SANCHES VILALTA

Curso
Doutorado
Título de la investigación
Na encruzilhada do digital – uma arqueogênese da informação de Jacquard à Inteligência Artificial
Resumo da pesquisa

Trata-se de analisar o conceito de informação como elemento chave para a compreensão das radicais transformações ontológicas, epistemológicas e ético-políticas que o dispositivo digital tem produzido em nossa contemporaneidade. Isto é, propomos investigar a informação como arkhé, como princípio material de constituição e governo de um sistema geral de comunicação e organização que está na base das reconfigurações dos saberes, poderes e subjetivações. Para tanto, ancorados na filosofia de Gilbert Simondon, realizamos uma arqueogênese da informação mostrando como ela expressa uma descontinuidade ontológica e uma transformação epistêmica que caracterizam essencialmente a digitalidade. Por um lado, a informação expressa um realismo radical das relações que propõe que entre matérias e energias, no que costumamos denominar “realidade”, o que existem são relações e processos, e não termos e indivíduos. O humano deixa de ser o padrão de todas as coisas e a informação passa a ocupar o lugar de unidade mínima de relação entre todos os seres – algo que vemos claramente na genética, na biologia molecular, na mecânica estatística, entre outros campos das ciências; e no bit como unidade constitutiva das relações técnicas e da própria existência das tecnologias digitais. Por outro lado, a figura epistêmica do humano cede lugar à máquina como nova figura que parametriza os modos de existência não apenas dos seres humanos e técnicos, mas de todos os seres físicos e viventes. Não se trata mais da oposição entre mecanicismo e vitalismo que caracterizou os automatismos e as máquinas pré-cibernéticas, mas sim de máquinas-viventes que unem computação e cognição e aderem ao orgânico e ao social em existências transindividuais. Analisando em detalhe a historicidade e a evolução da tecnicidade da informação e das tecnologias digitais, do tear de Jacquard à Inteligência Artificial, descrevemos a gênese da informação digital para, então, podermos mapear o dispositivo digital como um sistema de dados, algoritmos e interfaces-plataformas que pode ser analisado a partir de suas dimensões material, lógico-simbólica, conectiva e expressiva. Mostramos também como a Inteligência Artificial não consiste na emulação da inteligência humana, mas em sistemas de coindividuação e sequestro da inteligência social e coletiva. Nunca a técnica foi tão transindividual como agora e a partir desta constatação, finalmente, analisamos as transformações ético-políticas implicadas nas novas maneiras de se conectar, comunicar e existir que o digital impõe, indicando como funcionam os protocolos de transdução, algoritmos de modulação e plataformas de organização que configuram as lutas políticas e desafios existenciais de nosso presente.

Orientador
Silvana de Souza Ramos
Fomento
CAPES
Data da defesa
15/05/2025