LUCAS BITTENCOURT VASCONCELLOS

A presente pesquisa tem por finalidade estudar as relações que a arqueologia de Michel Foucault, como formulada em As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas, mantém com a etnologia de Claude Lévi-Strauss. Para isso, pretendemos observar que a principal linha interpretativa traçada pela recepção dessa obra consistiu em dissociar o papel da referência a Friedrich Nietzsche na constituição da perspectiva filosófica foucaultiana da aproximação que ela mantém com o estruturalismo, com o objetivo de deduzir dessa aproximação uma deficiência na abordagem histórica da arqueologia. O que, no contexto do debate entre filosofia e ciências humanas na França dos anos 1960, aparecia como uma tentativa de impedir a ideia de que a história poderia ser pensada sem uma remissão ao homem. Portanto indica, a contragolpe, que é preciso revitalizar o caráter nietzschiano da arqueologia de Foucault a fim de compreender como ele pôde se apropriar do estruturalismo para tornar possível a escrita de uma história não antropológica.