IGOR MATHEUS DE SOUZA SANTOS

Este projeto volta-se para a leitura do escólio da E IV, prop. 39, onde Espinosa introduz uma insólita definição de morte, pela qual devemos entender que o corpo morre quando suas partes componentes são dispostas de maneira tal que obtenham entre si outra proporção de movimento e repouso. Para ilustrá-la, lança-se mão de um exemplo e uma analogia: o caso do poeta amnésico e a passagem da infância à vida adulta. O exemplo do poeta amnésico teria o propósito de ilustrar que uma natureza pode padecer tais mudanças que não é fácil dizer que o indivíduo permanece o mesmo. Através desse exemplo, seríamos persuadidos a respeito da implicação mais imediata daquela definição: nada nos obriga a reduzi-la à transição do corpo em cadáver. A analogia, por sua vez, consiste na comparação da mudança do poeta àquela entre um bebê e um homem de idade avançada, pelo que se entende que é também uma mudança de natureza, ou seja, a destruição do corpo, que separa a infância da vida adulta. Pretendemos desenvolver e elencar algumas dificuldades que surgem da leitura deste texto, pelas quais podemos nos orientar em uma pesquisa futura acerca dos temas da morte, infância e individuação em Espinosa.