A relação entre arte e existência coloca-se no centro do ensaio A origem da obra de arte de Martin Heidegger, que abre sua famosa coletânea intitulada Caminhos da floresta. No livro em questão se trata de investigar como o pensamento de Heidegger, ao recolocar no século XX a antiga questão do ser, a qual nos foi legada pelos gregos, se encontra com o tema da arte como campo privilegiado da experiência humana. Na obra de arte se exerce um modo de lidar sobretudo solícito com o ente, as coisas, os instrumentos, enfim, com a natureza e o mundo em geral, em contraste com o fenômeno da técnica, que hoje cada vez mais nos domina e condiciona.
O desafio que enfrenta este livro é justamente este: refletir, a partir da ontologia fundamental de Heidegger, sobre o modo de como se relacionam a arte e a técnica no mundo moderno, enquanto dimensões da experiência humana que se cruzam e se contrapõem, muito embora sua origem seja a mesma. Refletir sobre esta origem do ser como produção é central para o destino histórico do ser humano.
