O avesso das palavras:: história da cultura e crítica da linguagem, 1901-1924

Autor
Fritz Mauthner
Editora
Editora 34
Tradução
Márcio Suzuki, Juliana Ferraci Martone, Laura de Borba Moosburger de Moraes, Marcella Marina Medeiros Silva
Edição
1a.
Ano
2024
ISBN/ISSN
ISBN-10: ‎ 6555251808 / ISBN-13: ‎ 978-6555251807

Fritz Mauthner (1849-1923) é hoje pouco mais que um ilustre desconhecido, lido por um punhado de estudiosos fiéis na academia. Mas nem sempre foi assim: jornalista e escritor de prestígio em fins do século XIX, Mauthner desfrutou de grande voga quando, nas primeiras décadas do XX, lançou-se a um projeto filósofico rebelde e radical. Cristalizada à perfeição nas Contribuições a uma crítica da linguagem (1901-1902) e no Dicionário de filosofia (1910-1924), sua escrita filosófica não dá quartel: é preciso exercer o ceticismo até o fim, atacando, com as armas do adversário, a suposta capacidade da linguagem e da filosofia de representar o mundo. Filosofia é crítica da linguagem ― e definir conceitos não pode ser outra coisa senão esvaziá-los daquela substância que pretendiam conter até que se evidencie aquilo de que são feitos: uma rede verbal constituída pela metáfora, pela fabulação, pelo mito. Para levar a cabo a tarefa, entra em cena um estilo irônico que só encontra par nas mais refinadas florações literárias daquele Império Austro-Húngaro em que o autor viveu e escreveu. Com uma singularidade, porém. Mauthner amplia o domínio da ironia , a quem cabe agora o desmantelamento das ambições da linguagem e da filosofia ― na contramão, logo se vê, de seu conterrâneo Wittgenstein, que confiava à lógica tarefa diametralmente oposta.

Primeira tradução de Mauthner para o português, O avesso das palavras é uma seleta generosa de suas obras principais. Com este volume, organizado por Márcio Suzuki, o leitor brasileiro poderá travar contato com um elo decisivo da tradição filosófica que vem dos românticos alemães e passa por Schopenhauer, Nietzsche e Brandes. Ao mesmo tempo, poderá julgar em primeira pessoa (seja lá o que isso for...) o fôlego de um ensaísta que cativou alguns dos nomes centrais da literatura modernista, de Joyce e Beckett a Jorge Luis Borges.