Antonio Candido (1918-2017)

Há exatos dez anos a revista Discurso publicava em seu número 37 um pequeno texto que seria a última contribuição de Antônio Cândido para a revista, fundada em 1970 por sua esposa, Gilda de Mello e Souza. Intitulado “A importância de não ser filósofo”, ele foi inserido pelo editor, Márcio Suzuki, logo na abertura desse número, e não poderia ter sido diferente. Não era essa, porém, a intenção do autor, que pedira a Franklin de Mattos, por intermédio de quem fizera o texto chegar à Discurso, que fosse publicado no final, dizendo algo assim, “vocês ainda têm aquela seção de notas, não é?”. Contando essa história na época, no café da faculdade, o mesmo Franklin de Mattos não conteve a exclamação: “Já pensaram? O maior intelectual brasileiro da segunda metade do século XX pede que a Discurso publique o seu texto numa seção de notas, no final da revista?” É claro que o maior da primeira metade foi Mário de Andrade; mas e quanto a Sérgio Buarque de Holanda? “É mesmo, havia esquecido! São três, então”. Neste 12 de maio de 2017, ainda sob o impacto da tristeza pela morte de Antônio Cândido, a quem este Departamento de Filosofia tanto deve, julgamos que seria uma maneira adequada de homenagear sua memória dar notícia, mais uma vez, desse pequeno e brilhante ensaio. 

CANDIDO, Antonio. A importância de não ser filósofo