MARIO ANTUNES MARINO

A crítica de Michel Foucault ao neoliberalismo indica uma aporia, pois afirma que falta uma governamentalidade alternativa ao liberalismo. Ora, nas últimas décadas, o conceito de comum apresenta-se justamente como resposta à aporia. Segundo seus teóricos o pensamento liberal, preso ao paradigma da propriedade privada, tem se mostrado incapaz de enfrentar questões como a inibição da imaginação política e o neoliberalismo, que se apresenta com projeto político por inteiro, não é democrático, mas autoritário. Nesse quadro, obras como Bem-estar comum, de Hardt e Negri, e Comum, de Dardot e Laval, procuram responder ao campo de problematização aberto pelo novo regime de lutas sociais altermundistas que surge na virada do milênio. Ao tomarem como ponto de partida a riqueza material e sobretudo elementos humanos imateriais, elas fazem crítica à governamentalidade capitalista e propõem um projeto de democracia radical fundado na produção e a institucionalização do comum. O objetivo desta pesquisa é investigar a noção de comum, assim como apresentá-la como governamentalidade alternativa ao neoliberalismo.