FRANK PICCININI MATTOS

Neste trabalho defenderemos uma leitura do Teeteto de Platão a partir dos conceitos de percepção, temporalidade e alma. Procuraremos demonstrar como o primeiro momento do diálogo, que examina a definição do conhecimento como percepção, constitui um gradual estabelecimento de condições necessárias (ainda insuficientes) para o conhecimento, sendo essas condições resolvidas, em última análise, em uma noção de temporalidade. A partir disso, então, a emergência da alma como conceito necessário para a satisfação dessas condições, propiciando, assim, por sua relação com o ser e o que há de comum nas percepções, relação essencialmente temporal, uma conquista conceitual ante a mera percepção sensorial na tentativa de definir o conhecimento. A percepção, no entanto, não parece ser inteiramente abandonada, a partir do qual proporemos uma elucidação da articulação entre a alma e os sentidos, e as consequências para o prosseguimento do diálogo, especialmente no que concerne a segunda definição do conhecimento como opinião verdadeira, o exame da falibilidade e os dois modelos de memória ali apresentados.