LAURA FRANCIS

A imagem atua como uma questão constitutiva da reflexão filosófica desde seus primórdios e, nesse sentido, podemos aferir que a análise da imagem, do seu estatuto, das suas funções, revela sobretudo uma função ativa no psiquismo que poderia estar na génese da nossa relação com o mundo. Partindo desse campo problemático, vamos analisar o conceito de imagem em Gilbert Simondon, detalhado especialmente no curso Imagination et invention (1965-1966). Neste livro, Simondon oferece uma abordagem profundamente original, posicionando a imagem como um mediador essencial no processo de individuação, que abrange diferentes realidades separadas e independentes, mas que formam fases de um mesmo ciclo. O ciclo genético das imagens, em linhas gerais, estará articulado em quatro fases: imagens-motoras; imagens-perceptivas; imagens-símbolos; e, através da invenção, imagens-objetos, que têm o potencial de se transformar em objetos-técnicos e estéticos. Simondon propõem uma compreensão da imagem como elemento fundamental na coevolução entre o humano, a tecnologia e a natureza, revelando assim a complexa trama que sustenta nossa relação com o mundo e a constante dinâmica de invenção.