JOÃO AUGUSTO ARAÚJO FERREIRA

No horizonte da história da arte, a teorização da perspectiva perfaz um dos momentos-chave do pensamento humanístico, do qual a pintura é uma parte essencial. Todavia, quando compreendida enquanto sistema matemático projetivo, a teoria perspéctica revela bases na geometria euclidiana e em uma ciência própria da visão, a óptica. Nesta teoria das proporções, a cor, entendida enquanto fenômeno sensível e não intelectivo, torna-se fator secundário na captação da realidade, submetida ao triunfo do desenho. Este projeto propõe-se a atravessar os principais pontos de inflexão até a autonomia da cor, como princípio estético e científico, que ocorre no início do século XIX, a partir da Farbenlehre de Goethe, publicada em 1810. Rastreando suas principais referências teóricas, esclareceremos o modo como Goethe interpreta e insere-se no debate histórico da pintura, a partir de uma estética das cores e de sua natureza física. Entendemos que situar esta tradição, segundo o diálogo aberto pela Farbenlehre de Goethe, permite não só uma avaliação alternativa sobre as tendências artísticas da época moderna, mas uma consideração a respeito do tratamento dado à questão pela estética clássica alemã.