Esta dissertação pretende analisar, a partir de O Filme de Oki (2010), os efeitos expressivos e os desdobramentos significantes da repetição – entendida aqui como recurso estético e como fenômeno estruturante – presente de diversas formas ao longo das duas primeiras décadas da filmografia do cineasta sul-coreano Hong Sang-Soo. Para tanto, ao serem resgatados conceitos elaborados por Sigmund Freud – tais como os de efeito a posteriori (Nachträglichkeit), sintoma (Symptom) e infamiliar (Unheimliche) –, será desenvolvida a hipótese de que a repetição na obra honguiana abriria caminho para uma fecunda leitura crítica de seu contexto sócio-histórico ao evidenciar – de maneira talvez sequer intensionada pelo próprio cineasta – as inconsistências próprias à temporalidade do consumo e do progresso, fomentando diversas antecipações cronológicas e reinscrições mnêmicas que tensionariam, de forma mutuamente profícua, as esferas do passado, do presente e do futuro. Toda esta análise será estruturada em quatro partes somadas à introdução e às considerações finais (cada uma delas intitulada segundo os quatro segmentos que compõem O Filme de Oki), encaminhando o reconhecimento de um cinema que, ao invés de reafirmar a plasticidade autocentrada de certa identidade neoliberal, permitiria antes reconhecer diversas fissuras sensíveis que, no contexto sociopolítico e histórico-cultural de seu início de século XXI, autorizariam a imaginação de outros horizontes possíveis.
BRUNO MARRA DE MELO
Curso
Mestrado
Título da pesquisa
Até mesmo outro – Hong Sang-Soo e a repetição à luz do pensamento freudiano [1996 a 2016]
Resumo da pesquisa
Orientador
Ricardo Nascimento Fabbrini
Fomento
CNPq
Data da defesa
17/10/2024