LUCAS CARDOSO PETRONI

A tese busca articular a natureza conceitual e as implicações normativas de formas socialmente ancoradas de despersonalização — ou, simplesmente, despersonalização social. O objetivo é demonstrar que a ideia de despersonalização, compreendida como a manifestação mais ampla do erro categorial de conceber e/ou tratar uma pessoa ou grupo como uma coisa, está na base dos juízos normativos igualitários das teorias socialistas, feministas e antirracistas, três das principais expressões do igualitarismo contemporâneo. Mais especificamente, a pesquisa explora a noção de despersonalização — seja em sua forma mais radical, como desumanização, seja nas modalidades de subordinação de gênero e racial — com base em uma interpretação da Fórmula da Humanidade kantiana. Essa interpretação se fundamenta na leitura de John Rawls e nos debates subsequentes promovidos por autores construtivistas como Onora O’Neill, Christine Korsgaard, Thomas Scanlon e Stephen Darwall. Uma das contribuições esperadas é mostrar que práticas de despersonalização podem ser entendidas como a negação da autoridade moral de segunda pessoa.