Nesta pesquisa, empreenderemos um exame do livro "Vozes de Tchernóbil", de Svetlana Aleksiévitch, composto por relatos acerca da explosão do reator nuclear na antiga União Soviética em 1986. A caracterização do acidente como uma “catástrofe da consciência”, utilizada por múltiplos relatos, sintetiza os principais problemas temporais, técnicos, históricos e políticos conjugados por ele, e por isso deve ser tornada objeto de investigação filosófica. Propomos, para isso, uma aproximação entre as reflexões contidas no livro de Aleksiévitch e aquelas realizadas por Günther Anders, o filósofo que mais se debruçou sobre as implicações temporais, técnicas e morais das era atômica. Através de uma comparação entre a “catástrofe da consciência” e o conceito de Anders de “discrepância prometeica” pretendemos investigar os sentidos da catástrofe em Vozes de Tchernóbil e atualizar a constelação filosófica de Anders com a ideia de acidente, não investigada por ele. Perseguiremos a hipótese de que a novidade de Tchernóbil, que inaugura para Aleksiévitch uma nova história das catástrofes, deve-se ao seu caráter de acidente, que tornou o acontecimento ainda mais inimaginável e incompreensível.
JULIA MORGAN NEGRÃO
Curso
Mestrado
Título da pesquisa
SOBRE O INIMAGINÁVEL: A “CATÁSTROFE DA CONSCIÊNCIA” NO LIVRO VOZES DE TCHERNÓBIL
Resumo da pesquisa
Orientador
Paulo Eduardo Arantes