FELIPE FARIA CAMARGO

Curso
Mestrado
Título da pesquisa
O tratado Monarchia e a filosofia política de Dante Alighieri
Resumo da pesquisa

Tendo por objetivo compreender um capítulo importante na história da filosofia política, situado após a reapropriação das categorias do pensamento aristotélico e sua síntese com a teologia no século XIII e após a renovatio dos estudos do direito romano em Bolonha desde o século XII, na passagem do pensamento político tardo-medieval ao início do pensamento político renascentista e moderno, nossa investigação se volta para a obra Monarchia de Dante Alighieri, escrita em latim entre 1311 e 1313. Nesta, o filósofo Dante defendeu a submissão do conjunto do gênero humano a uma Monarquia universal, responsável por conduzir os homens à felicidade terrestre baseada nos ensinamentos dos filósofos, enquanto à Igreja caberia o papel de guia dos homens à felicidade celeste. Dois poderes, portanto, estabelecidos pela Divina Providência para remediar a situação dos homens e lhes permitir alcançar seus dois fins últimos (duo ultima), a beatitude nesta vida e no além-mundo. Importa-nos, sobretudo, realizar uma leitura interna do tratado e investigar como Dante constrói seus argumentos, cria novos conceitos e opera apropriações e rupturas com relação ao pensamento filosófico, jurídico e teológico do seu tempo, o que nos permite afirmar, com Étienne Gilson, que - se por um lado, seria inapropriado conceber o pensamento de Dante de modo a negligenciar seu caráter eminentemente cristão - o seu dualismo (com vistas, sempre, a um acordo harmônico) entre as ordens da Monarquia e da Igreja, Filosofia e Teologia, não se coaduna com nenhum outro pensamento do aristotelismo cristão de sua época, e aponta, como destaca Claude Lefort, para uma revaloração da filosofia voltada à “ação” e à política no princípio do século XIV.

Palavras chave: Dante, Monarquia, Império, Filosofia Política, Filosofia do Direito

Orientador
Sérgio Cardoso
Data da defesa
20/12/2022