VÍTOR BEGHINI BARROS

Que as obras de arte autônomas estabeleçam uma relação profunda e complexa com a verdade, como um modo de conhecimento crítico análogo à teoria, é um dos núcleos do pensamento estético de Theodor Adorno, e mesmo um pressuposto de toda a sua experiência intelectual. Trata-se de fornecer um modelo de compreensão desta ideia. Partiremos de um exame da noção adorniana de autonomia da arte, centrada na mediação com a empiria e na antinomia do caráter de aparência da obra; estas se revelarão condições dialéticas de seu “conteúdo de verdade”, que será investigado em suas dimensões de negatividade crítica, utopia, e enigma. A obra de Samuel Beckett será tomada detidamente como caso paradigmático à Teoria Estética, acompanhada de reflexões sobre Kafka, Celan, e o fim da arte. Por fim, se abordará o nexo elementar entre arte e filosofia em Adorno, de modo a pensar a possibilidade e os sentidos de uma filosofia da arte, bem como a questão sobre sua atualidade.