FÁBIO PEREIRA BONAFINI

O projeto tem por objetivo esclarecer qual a significação conferida à fisiognomia no sistema filosófico de G. W. F. Hegel. Na Fenomenologia do Espírito, o filósofo dedica uma crítica feroz a essa doutrina popular em sua época, a qual visa conhecer o caráter de um indivíduo a partir da formação do seu corpo e, em especial, de seus traços faciais. As ideias fisiognômicas estiveram no centro tanto da formação das artes no Ocidente quanto de teorias do racismo científico. No entanto, na versão final de seu sistema, Hegel posiciona a fisiognomia em dois pontos cruciais. Primeiramente, ela constitui o momento conclusivo de sua antropologia, na qual Hegel fornece a dedução da consciência desde a natureza. Além disso, ela assume papel central nos Cursos de Estética, em especial na exposição da estátua grega, a qual Hegel considera a mais perfeita realização do ideal. Para compreender essa aparente incorporação parcial da fisiognomia por Hegel, perseguiremos por meio de uma leitura imanente da obra do autor suas relações com a filosofia da natureza, do espírito subjetivo, da história e da arte.