Jacques Derrida nomeou as mulheres empíricas e o rastro do feminino, respectivamente, de hipérbole androcêntrica e hipérbole feminista, em duas leituras da ética do acolhimento de Levinas: uma ética na qual a diferença sexual ocupa um não-lugar pré-ético. Essa concepção de tempo-espaço consiste em ir além da visibilidade e do sentido de trabalho dado às atividades realizadas pelas mulheres na hospitalidade a Outrem. A articulação das hipérboles compreende o objetivo geral desta pesquisa, mostrando a indissociabilidade, numa relação de iterabilidade, entre termos indecidíveis de uma aporia, que se substituem sem se identificar, em contraposição à diferença identificadora da dialética hegeliana. Assim, no intervalo da des-identificação, a différance retorna como rastro, vindo verticalmente de um passado imemorável, reunindo em um instante de tempo messiânico passado-presente-futuro, modificando o tempo histórico dos historiadores. A nossa hipótese afirma que o rastro do feminino teria as (in)condições de promover um acontecimento transformador, deslocando imprevisivelmente, às cegas, a dinâmica histórica, e portanto, o estatuto da subordinação das mulheres empíricas.
MARIANA DI STELLA PIAZZOLLA
Curso
Doutorado
Título da pesquisa
EXPERIÊNCIA ÀS CEGAS: TEMPO HISTÓRICO E ASSOMBRAMENTO DO FEMININO EM DERRIDA
Resumo da pesquisa
Orientador
Sérgio Cardoso