Lançado em 1964, Dr. Fantástico acertou em cheio os ânimos de um país ávido para expurgar a retórica e as ansiedades da Guerra Fria e do macarthismo, e que tinha acabado de ver a possiblidade de uma guerra nuclear passar diante de seus olhos. Com uma sensibilidade irreverente que já atinava com a onda de agitação política e cultural que culminaria em 1968, o filme conquistou um sucesso de crítica e bilheteria. Ao mesmo tempo, foi alvo de acusações de ser niilista, cínico e apolítico por críticos que acusaram seus procedimentos estéticos de mimetizarem e reforçarem o fascínio e a alienação da sociedade da Bomba. Uma análise formal mais detida, cotejada com uma escavação dos elementos da sociedade de consumo do pós-guerra presentes nos materiais do filme, parece indicar, porém, uma consciência ainda que intuitiva do campo minado em questão. Investigando as relações entre forma estética e processo social, a pesquisa procura tirar as consequências da provocativa inversão verificada no filme, na qual temas contraculturais de liberação sexual e corporal ligados ao prazer e ao extravasamento (e mesmo aspectos de imaginação utópica) aparecem personificados nas forças destrutivas da ordem.
ARTUR RENZO
Curso
Mestrado
Título da pesquisa
Explosão sexual na Era Atômica
Resumo da pesquisa
Orientador
Ricardo Nascimento Fabbrini
Fomento
CAPES