Esta pesquisa propõe-se a debater o estatuto da arte diante da violência, do sofrimento e da dor, interrogando a legitimidade do julgamento estético de imagens consideradas insuportáveis, assim como certa ética da representação que nos remete ao conceito de sublime, amplamente revalorizado na arte moderna e contemporânea, que se vale do repugnante e do desagradável no campo da contemplação estética. A partir de uma seleção de obras de artistas como Alfredo Jaar, Ariella Aïsha Azoulay, Joan Fontcuberta, Mathieu Pernot, Rosângela Rennó, Sophie Ristelhueber, Stephen Dock e Thomas Hirschhorn, que questionam a presença e a ausência de determinadas imagens e os efeitos delas sobre nossa conduta ante o mundo contemporâneo, busca-se examinar os procedimentos críticos utilizados para incidir sobre os eventos traumáticos representados e, também, os modos de produção do visível, especialmente no espetáculo cotidiano do trauma. Intenta-se discutir, assim, as novas configurações do visível e do sensível, e a possibilidade de restabelecer a confiança no poder emancipador das imagens, apontando para a corresponsabilidade do espectador diante das violências naturalizadas.
RAFAELA ALVES FERNANDES
Curso
Doutorado
Título da pesquisa
Testemunho fotográfico e estética do sublime: controvérsias éticas e políticas em torno da apresentação do inapresentável
Resumo da pesquisa
Orientador
Ricardo Nascimento Fabbrini