A presente tese é um estudo aprofundado da assim chamada tradição interpretativa, consituída principalmente por Quine, Davidson e Lewis. Nosso objetivo é interrogar essa tradição a partir da divisão semântica-pragmática, realçando certas tensões no interior da obra desses autores. O primeiro capítulo, assim, analisa a obra de Quine, procurando mostrar que uma certa leitura, a qual vê em Quine um defensor da publicidade do significado, se fundamenta em uma confusão dos níveis de explicação propostos pelo mesmo. O segundo capítulo analisa a obra de Lewis, procurando mostrar que seu modelo explicativo, o qual vê as sentenças de uma linguagem como códigos para informações sobre o mundo e atividade comunicativa como simplesmente um procedimento de codificação e decodificação, é por demais empobrecido para dar conta da complexidade do uso da linguagem. De fato, o próprio Lewis fornece as ferramentas para se pensar um modelo mais completo a partir de sua noção da atividade linguística como uma ferramenta para a coordenação de ações racionais. Por fim, o último capítulo se dedica a obra de Davidson, explorando como, em um primeiro momento de sua obra, ele procurava fundamentar o significado linguístico em convenções linguísticas, para, em segundo momento de sua obra, rejeitar essa explicação em prol de uma concepção mais complexa da situação comunicativa. Nossa conclusão é dupla. Por um lado, a semântica, como o estudo das características estáveis de enunciados linguísticos, deve ser reconfigurada, restringido-se em grande parte à gramática. Por outro lado, a pragmática, como o estudo da interação do contexto com os enunciados linguísticos deve ser ampliada para abarcar também as condições de verdade das sentenças.
DANIEL ARVAGE NAGASE
Curso
Doutorado
Título da pesquisa
Semântica e Comunicação: ensaios sobre a divisão Semântica-Pragmática
Resumo da pesquisa
Orientador
Edelcio Gonçalves de Souza
Fomento
CAPES
Data da defesa
10/02/2022