Este estudo parte do pensamento de Paul Virilio para investigar vínculos entre transporte e violência, circulação e controle na metrópole contemporânea. Numa leitura sistemática dos primeiros livros do autor, investiga-se a emergência da logística a partir das transformações da guerra e da técnica na modernidade. A partir daí, as origens militares do espaço urbano conduzem a uma reflexão sobre o “espaço crítico” das cidades do presente, levado ao limite, segundo Virilio, nas estruturas dos grandes aeroportos. O trajeto se aproxima, assim, das metrópoles brasileiras: pela janela do ônibus, a “lógica da aceleração” insistentemente denunciada pelo autor ao longo de sua obra ganha ares bem concretos. Será possível, então, levantar algumas hipóteses para uma economia política do transporte urbano no Brasil, apontando possíveis mecanismos de espoliação em jogo, numa dinâmica afim a uma série de expedientes descritos pelo pensamento social brasileiro como próprios do capitalismo periférico. Por fim, busca-se sondar a proximidade contraintuitiva entre aprisionamento e circulação – ou entre o ônibus e o camburão –, tal como ela é indicada por Virilio, no cotidiano da cidade contemporânea.
Palavras-chave: Paul Virilio, velocidade, transporte, logística, cidade, espaço urbano.