Trata-se de investigar como Descartes abriu espaço para o conhecimento incerto e confuso em sua filosofia a partir da consideração da união substancial entre alma e corpo. Na metáfora da "árvore do saber" apresentada no prefácio de seus Princípios da filosofia, a raiz é a metafísica, o tronco é a física e os ramos principais são a mecânica, a medicina e a moral. Busca-se mostrar que é a "raiz" metafísica e o "tronco" física que fundamentam a questão prática da moral, o plano do conhecimento da experiência e do sentimento, isto é, do conhecimento incerto e confuso. A Correspondência com Elisabeth de 1643 traz novas luzes sobre a maneira de pensar essa questão prática na medida em que se debruça sobre como pode a alma mover o corpo. Pretende-se ver por que Descartes propõe a Elisabeth que considere a alma como extensa para entender como ela tem a força de mover o corpo, pois a questão possui uma impossibilidade de resposta racional. Acredita-se que é a teoria da distinção das substâncias que permite a Descartes propor uma nova física, diferente da física aristotélica-tomista das formas substanciais, e, principalmente, a união substancial que permite que essa física no ser humano seja a fisiologia do corpo próprio, não hipotética.
Beatriz Laporta
Curso
Mestrado
Título da pesquisa
A importância da união substancial para o estabelecimento da árvore do saber cartesiana
Resumo da pesquisa
Orientador
Tessa Moura Lacerda
Fomento
Fapesp
Data da defesa
21/01/2022