BRUNO FONTANA NISHIYAMA BERNARDES FERREIRA

A ideia que nos propomos a investigar neste projeto pode ser resumida no seguinte: Deus, nas “Lições Muniquenses de História da Filosofia Moderna”, não é nem um ‘tópico metafísico’ qualquer da especulação schellinguiana, nem mais um apenas ‘deus dos filósofos’, é o eixo central em torno do qual Schelling realiza sua desconstrução crítica da Modernidade e sua criação positiva de uma nova filosofia. Deus não é só um tópico metafísico porque é o fundamento mesmo da possibilidade de toda a Metafísica: anterior a ela e pressuposto por ela. Ele é o puro “Quod”, o Ser absoluto, extra-conceitual. Mas também não se trata aqui de só mais um deus filosófico, porque Schelling buscava o Deus da fé, não o deus da razão; o Deus revelado, em vez do deus provado; um Deus vivo, no lugar de um deus morto. O nosso objetivo é, nesse sentido, demonstrar que o real projeto schellinguiano das “Lições” não era senão usar essa ideia positiva de Deus para colocar a negatividade da Filosofia Moderna sob julgamento, propondo a célebre divisão de todo o pensamento filosófico em dois polos opostos, mas complementares: a “positive” e a “negative Philosophie”.