ELIAKIM FERREIRA OLIVEIRA

Curso
Mestrado
Título da pesquisa
Do teórico ao estético: imaginação e esquematismo na filosofia de Kant
Resumo da pesquisa

O problema sobre o qual nos debruçamos nesta dissertação é aquele concernente à compreensão da imaginação na constituição do conhecimento e na experiência estética. A pergunta que nos guia pode ser formulada da seguinte maneira: no interior do pensamento de Kant, que condições permitem que a imaginação seja invocada tanto em vista da compreensão da cognição quanto em vista da compreensão da contemplação estética? O problema que nasce dessa pergunta é aquele do papel da imaginação no esquematismo de conceitos puros do entendimento, como na Crítica da Razão Pura, e o que se deve entender por um “esquematizar sem conceitos”, como aquele de que depende a reflexão estética, na Crítica da Faculdade de Julgar. Desse problema derivam os subproblemas do que seja o próprio esquematismo, da relação entre o esquematismo e a síntese da imaginação e, por fim, o subproblema da identidade entre o esquematismo em sua expressão cognitiva e o esquematismo em sua expressão estética. Em cada um dos cinco capítulos que compõem esta dissertação será desenvolvida uma resposta a cada um desses problemas, tomados como camadas para o aprofundamento da resposta àquela pergunta mais geral sobre a imaginação.
As teses fundamentais que nós defendemos concernem ao papel essencial da imaginação em cada uma dessas atividades esquemáticas, que expressam respectivamente o seu caráter teórico e o seu caráter estético. No que respeita ao esquematismo cognitivo, defendemos a tese, em consonância com a de alguns intérpretes, de que o esquema não é tanto uma representação meramente produzida pela imaginação, mas é o produto de um procedimento dessa faculdade, portanto do caráter espontâneo dela. O esquema é a determinação transcendental do tempo a partir de uma síntese a priori da imaginação. O esquema resulta, desse modo, de um procedimento que se vincula à síntese figurativa como exposta na Dedução. Essa síntese, voltada ao sentido interno (que é a condição de todos os nossos conhecimentos), realiza-se segundo a unidade da categoria, que é, no mesmo processo, exposta na intuição, quer dizer, exposta no próprio sentido interno, a saber, o tempo. Essa determinação do tempo por uma síntese da imaginação segundo a unidade da categoria como que traduz a unidade da categoria em sequências temporais, portanto, em termos sensíveis. A categoria é então sensificada.
No que respeita ao esquematismo sem conceitos, da experiência estética, defendemos que, não havendo, na reflexão estética, um conceito determinado que dê unidade ao julgamento de gosto, a sensificação deve restringir-se à sensificação da mera unidade de composição, sem a qual não é possível a própria unidade do juízo de gosto. Nesse caso, está em processo a sensificação não de um conceito determinado, mas sim da representação daquela unidade de composição representada pelo juízo de gosto, que deve ser a própria regra buscada pela faculdade de julgar reflexionante, e que se vincula à finalidade subjetiva pela qual essa faculdade é guiada. É preciso que a imaginação atue, nesse processo, na própria manutenção do estado mental sem o qual a unidade do juízo de gosto não se apresenta no próprio sentimento, que se funda, por sua vez, nesse mesmo estado mental, representado pelo predicado do juízo de gosto.

Orientador
Maurício Cardoso Keinert
Fomento
CAPES
Data da defesa
04/12/2023