PAULO FERNANDO SILVA AMARAL

O objetivo primeiro do estudo é investigar as críticas que Hegel realiza, sobretudo na obra Princípios da Filosofia do Direito, aos dois modelos unilaterais de liberdade: o primeiro, fundado no caráter indeterminado da vontade, e o segundo, enraizado no caráter determinado da mesma. A análise dessas críticas deverá nos mostrar como, quando absolutizados pelos participantes da vida social como guias de ação política, conduzem a crises oriundas de uma forte contradição entre liberdade e instituição. Para tanto, buscamos compreender como estes modelos, que poderiam ser chamados de “patológicos”, estão disformemente relacionados a um conceito político fundamental: o de representação política. Isso porque, como pretendemos demonstrar, tais formas de liberdade não incidem apenas no nível de autorrelação individual, mas ganham concretude em determinadas configurações práticas e institucionais. Essas, por sua vez, retroagem sobre os equívocos conceituais que lhe dão sustentação. Com esse modelo circular, a investigação pretende ampliar os modos de reconhecimento na filosofia hegeliana para além do campo da intersubjetividade, incluindo, sobretudo, o tipo de demanda dirigida às instituições. Por isso, ainda nos balizando pelo critério de representação política, veremos como um modelo racional de liberdade pode operar no centro da arquitetura política hegeliana, conjugando, ao mesmo tempo, liberdade social e política, ou interesses particulares e universais. A análise conceitual do modelo, alicerçado nas instituições corporativas da sociedade civil, será o nosso objetivo segundo, no qual procederemos ao exame dos pressupostos, justificativas, diagnósticos e defesa hegeliana de uma estrutura representativa por corporações.