THIAGO KISTENMACHER VIEIRA

O objetivo deste trabalho é propor uma leitura do denominado socratismo estético em O Nascimento da Tragédia a partir das concepções críticas que Nietzsche direciona à linguagem, sobretudo a partir do escrito póstumo Verdade e Mentira no Sentido Extramoral, de 1873. Vê- se que, no texto póstumo, o filósofo alemão aponta a linguagem gramatical, e seu produto Direto, o conceito, como generalizador e falsificador. Daí que, se o socratismo estético, criticado em O Nascimento da Tragédia, está todo amparado no racionalismo, ele, além de estimular uma generalização e uma inevitável falsificação do mundo, corolários da crença na linguagem gramático-conceitual, foi responsável pela morte da arte trágica grega porque a apartou da música e do dionisíaco, elementos dos quais dependia. Por fim, buscar-se-á, com o presente trabalho, demonstrar como a crítica que Nietzsche faz a Sócrates e a Eurípedes, em O Nascimento da Tragédia, e ao homem teórico, otimista, racionalista e conceitual que representam, possui um fundamento linguístico.