Tendo em vista que a tradição filosófica se habituou a colocar Henry David Thoreau no rol de pensadores marginais, seu pensamento político foi lido à luz de conceitos ou sistemas robustos que deixaram escapar a sutileza de sua originalidade. A desobediência thoreauviana não consiste em prever ações ou definir pautas, como espera a categorização das dissidências políticas levantada pela filosofia política do século XX: não se instaura pelo ato, mas pelo preparo. Começa pelo reconhecimento de que, ainda que queiramos positivar nossas leis e garantir as benesses da civilização, o Estado é, precisamente, um lugar (topos) de onde se pode partir. O sujeito thoreauviano busca desprendimento do sobressalente que o amarra ao governo - convenções, títulos, posses -, mas faz da abnegação pelo outro – sempre tratado como vizinho - sua obrigação moral. Nesta tese, pretendo percorrer a bibliografia de Thoreau para sintetizar sua intuição ainda pouco compreendida, avaliando também se, nos anos atuais, essa disposição não seria mais adequada que aquilo convencionado pela filosofia política como desobediência civil.
JOSÉ AUGUSTO CEREIJIDO ALTRAN
Curso
Doutorado
Título da pesquisa
A Desobediência Thoreauviana - uma disposição u-tópica por democracia social
Resumo da pesquisa
Orientador
Renato Janine Ribeiro
Fomento
CAPES