SIMONE BERNARDETE FERNANDES

Esta pesquisa investiga a recepção do conceito de pulsão de morte na Dialética do esclarecimento, buscando desvendar as origens, os sentidos e desdobramentos da aproximação ali proposta entre as concepções da mimese e da pulsão de morte, a partir de uma interpretação da formulação freudiana embasada pela leitura do antropólogo Roger Cailllois. Pretende-se enfatizar o caráter estrutural da mimese enquanto pulsão de morte nesta obra, que permite que lhe seja concedido o estatuto de uma chave de leitura essencial tanto de questões psíquicas como cognitivas que ameaçam a orientação do esclarecimento à emancipação. Para tal, é essencial compreendermos da recepção da psicanálise por Max Horkheimer e Theodor W. Adorno, a partir de um encontro conflituoso, evidenciado pelo próprio Freud, entre algumas de suas conclusões relacionadas ao segundo dualismo pulsional e o marxismo. Explicitando-se o modo como é possível a superação deste conflito, passamos pela formulação de uma antropologia dialética que caracteriza a Dialética do esclarecimento. Em seguida, traça-se o caminho da mimese e do esclarecimento em relação mútua e as decorrências tardias deste processo. A referência a conceitos da metapsicologia freudiana que margeiam esta discussão permite vislumbrar o papel da repetição nesta obra, representada enquanto princípio da imanência, limitador de possibilidades e redutor do pensamento esclarecido.