FELIPE RIBEIRO

Curso
Doutorado
Título da pesquisa
Pensar dialeticamente e não-dialeticamente: interpretação e história em Theodor W. Adorno
Resumo da pesquisa

A presente tese oferece um comentário sobre o conceito de “história natural” na obra de Theodor W. Adorno, dividindo-o em duas partes. Na primeira, busca-se de mostrar que tal conceito visa à exposição da história como “segunda natureza”. Para tanto, destaca-se como Adorno se apropria de ideias oriundas da crítica da economia política de Marx, em especial as noções de “pré-história” e “abstração real”, as quais permitem apresentar uma história sem sujeito, em que o universal abstrato predomina realmente sobre os indivíduos. Isto não apenas permite entender melhor a relação de Adorno com a filosofia idealista da história, como também abre caminho para expor como ele propõe uma concepção ampliada de história natural, baseada na dominação da natureza, o que envolve também as críticas ao marxismo. A segunda parte da tese tem por objeto o outro momento do conceito em questão, que é introduzido quando Adorno se pergunta pela possibilidade de interpretar esse mundo tornado segunda natureza. Esse novo passo quer acenar à possibilidade de transformação da história natural. Adorno evoca, para tanto, a noção de “perecimento”, que é empregada por Walter Benjamin em Origem do drama barroco alemão para desenvolver sua concepção de alegoria. Diferentemente do que é sugerido pela grande maioria dos comentadores, a tese visa mostrar que, mediante tal recurso, Adorno quer tornar filosoficamente produtivos aqueles fenômenos que ficaram deixados de lado pela história, os quais, justamente por não se adaptarem a um progresso irracional, funcionam como refúgio de algo melhor. Essa perspectiva serve de chave para uma abordagem sistemática de vários momentos da obra adorniana, revelando a existência coerente de um tema até hoje pouco explorado. Por fim, é mostrado de que modo Adorno desenvolve um conceito de “interpretação” que opera como a figura teórica na qual a experiência desses fenômenos encontra sua devida expressão discursiva. A hipótese principal é que, para “salvar” o que a história exclui, o sujeito da interpretação precisa evocar, dentro de si, aquelas faculdades e disposições igualmente condenadas pelo curso do mundo, estabelecendo uma relação de afinidade com o objeto.

Orientador
Ricardo Ribeiro Terra
Fomento
Fapesp
Data da defesa
09/09/2025