MARIANA DI STELLA PIAZZOLLA

Ao apresentar a noção de hospitalidade marcada pela diferença sexual, a não-figura da cega chorosa revela-se como exemplaridade da hospitalidade incondicional nos escritos de Derrida. Guardando relação com a condicionalidade de um acolhimento, seu rastro deve retornar assombrando – não só, mas também – as mulheres empíricas. O rastro do feminino e as mulheres, Derrida nomeou, respectivamente, hipérbole androcêntrica e hipérbole feminista, em duas leituras de sua interpretação da ética levinasiana: uma ética emancipada da ontologia, na qual a diferença sexual ocupa um não-lugar pré-ético. Essa anterioridade, traz portanto, uma questão de tempo-espaço para além da interpretação que busca visibilizar e assegurar o sentido de trabalho para as atividades realizadas pelas mulheres na hospitalidade a Outrem. A articulação dessas duas leituras consiste no objetivo geral desta pesquisa, mostrando que sua indissociabilidade depende de uma relação de iterabilidade entre dois termos determinados, ainda que indecidíveis, de uma aporia, que se substituem sem se identificar, em contraposição à diferença identificadora da dialética hegeliana. Com isso, a différance que neste intervalo da des-ident