RICARDO POLIDORO MENDES

Em seus discursos políticos, Maquiavel e Espinosa se voltam à prática, à experiência concreta entre os agentes. Ao rejeitarem modelos imaginários e normas transcendentes, os filósofos jogam luz sobre a ação política pela qual os atores ordenam sua experiência ao instituir formas políticas para que o corpo social dure e se mantenha. Essa ação, portanto, não é privilégio de um ator ou de alguns, visto que o que está em jogo para Maquiavel e Espinosa é a experiência política, isto é, a ação pela qual a multiplicidade e a diversidade de agentes do corpo social, uns em relação aos outros, institui formas sociais e políticas para ordenar uma experiência comum. Nossa proposta neste trabalho, portanto, é retomar as obras de Maquiavel e de Espinosa a fim de investigar essa ação política, sobretudo no povo, no caso de Maquiavel, e na multitudo, em Espinosa, para compreender como eles instituem formas políticas e, assim, uma história do corpo social.