TALES RODRIGUES NORONHA SILVA

A presente dissertação visa fornecer uma interpretação sobre o pensamento maduro de Wittgenstein a respeito da intencionalidade - a “direcionalidade” dos estados mentais e das expressões linguísticas - tal como se encontra nas Investigações Filosóficas, principal obra de maturidade do filósofo. Isso envolve lidarmos de maneira mais aprofundada com as seções §428 a §465 do mesmo livro, seções pouco exploradas pelos comentadores e nas quais Wittgenstein traça as considerações mais explícitas sobre a intencionalidade. Para melhor compreendermos tais observações, no entanto, precisamos também expor como o filósofo pensava o tema na época do Tractatus, uma vez que muito de seu pensamento maduro faz remissão a teses de seu período de juventude. Se antes o filósofo considerava que a intencionalidade se dava por uma relação essencial entre proposição, pensamento e realidade, posteriormente ele a verá como uma relação que se dá no interior da própria linguagem. Também buscamos elucidar as observações sobre as regras, a compreensão e o querer-dizer [meinen] nas Investigações, uma vez que são temas intimamente relacionados aos problemas da intencionalidade. Do mesmo modo como um pensamento parece manter uma relação essencial com um estado de coisas “fora” dele, uma regra parece manter uma relação essencial com as suas instâncias de aplicação correta: em ambos os casos, temos um vínculo entre o que está presente, aqui e agora, e algo não imediatamente presente. A compreensão e o querer-dizer passam por problemas similares, pois parecem capazes de conter tanto a intencionalidade da fala, quanto da regra. Por fim, tentamos reconstruir de maneira geral a evolução do pensamento sobre a intencionalidade durante o período intermediário de Wittgenstein. Com isso, espera-se obter um panorama geral das questões sobre a intencionalidade nas Investigações Filosóficas.