DANIELE ELENE CORTE CARDOSO

Prolífico autor contemporâneo, Jacques Rancière destaca-se pela heterogeneidade de suas obras. A diversificação de áreas de pesquisa e a singularidade de suas análises concordam com a versatilidade dos estudos dedicados ao seu pensamento. De modo geral, sua filosofia é dividida em algumas categorias como: política, estética, poética e pedagogia. Assim, suas noções proliferam em diversas regiões dos saberes. Todavia, a segmentação em inúmeras ramificações, amiúde, pode produzir distâncias e movimentos interpretativos desarticulados em relação ao elemento de continuidade em sua obra, a saber, a relação que o contemporâneo estabelece com a tradição filosófica e com os mais diversos gêneros de pensamento e linguagem. O modo que Rancière articula formas variadas de texto – discursos, documentos, tragédias gregas, pinturas, artigos científicos, entre tantos outros – parece apontar para uma marca indelével de filosofar. Em conformidade com isso, a prática filosófica sugere um tipo específico de leitura que atravessa as fronteiras entre os saberes e propõe a equivalência radical entre eles, expressa na produção de uma história da filosofia cujo princípio é a igualdade.