SIMONY SILVA CAMPELLO

Em 1976 Foucault ministra no Collège de France o curso: Em defesa da Sociedade. O problema central da presente pesquisa nasce da análise deste curso. A escolha se deve ao fato de que nele Foucault estabelece de maneira concisa a relação entre poder, guerra e genealogia. Na última aula do curso, porém, a temática da guerra passa por uma mudança, não sendo mais o enfrentamento das raças, mas uma política biológica de administração da vida, para, por fim, ser abandonada nos cursos seguintes, em detrimento das noções de governo e de governamentalidade. Tendo como objetivo compreender essa mudança, pretendo analisar, em primeiro lugar, os conceitos de guerra e poder, para então direcionar-me ao estudo do biopoder e do racismo de Estado. Depois, pretendo compreender a governamentalidade, para enfim colocar duas teses em confronto: a posição de Thomas Lemke e Mônica Loyola Stival os quais defendem que a passagem do poder para a governamentalidade representaria um refinamento do pensamento foucaultino, e a perspectiva de Éric Alliez e Maurizio Lazzarato, os quais levam em conta o processo de colonização, mostrando que a guerra e o racismo de Estado não rompe com o governo.